Marília Cunha Melo





Marília Cunha Melo, cujo nome completo é Marília Oliveira da Cunha Melo, nasceu em Jaboatão - PE onde reside. Começou a escrever aos 13 anos de idade. Neta de (Benedito Tavares da Cunha Melo),trovador, escritor da letra do hino de Jaboatão e também o de Stº Amaro, nome do padroeiro da cidade, e da rua em que reside. Sobrinha de Alberto da Cunha Melo e filha de João Bosco Tavares da Cunha Melo, ambos poetas. Nascida entre intelectuais, seu pai a despertou para o mundo literário desde muito cedo. Teve influências de Drummond, Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo, Benedito e Alberto da Cunha Melo. Ainda não publicou livro nem participou de antologia, mas teve um poema publicado na revista Poética XXI. 

Fonte: enviado pela autora



Tecendo a teia
Marília  Cunha Melo 



Sou uma parte de partícula geográfica,

Tecendo a teia do universo inteiro.

Sou a gota que falta para transbordar o copo,

O sopro que resta no pulmão de quem sofre.

Sou o último tijolo,

A última sorte,

A última chance de quem ama,

A última morte.

Última morte?

Será que a morte é única?

Só sabe quem morre.



Inverso
Marília  Cunha Melo 


Eu sou a morte que a vida esqueceu de morrer,

Muitas vezes morri e até esqueci,

Esqueci que a vida é a morte ao contrário,

Então quando morrer

Não se espantem!

Para mim, a morte chegou atrasada.



Cantar e voar
Marília  Cunha Melo 

Ontem cantei um canto desafinado,
Cantei com vontade de cantar,
Cantei sem intenção de ferir,
Sem intenção de mostrar dotes musicais,
Canto como quem sorri alto
E incomoda os transeuntes
Invejosos da minha falta de vergonha.
Canto como quem chora
E lava a alma com lágrimas musicais.
Felicidade é a de ser pássaro,
Cantar e voar,
Sem críticos para avaliar,
A subtonação da nota musical,
A aerodinâmica de um vôo aeroespacial,
Nada traduz o prazer de ser pássaro.
Nada traduz a liberdade de querer ser pássaro.


O espelho 
Marília  Cunha Melo 

Quando esse espelho é posto em minha frente
É que descubro o frágil recinto
Que a minha alma ocupa.
É que descubro que nem mesmo um espelho
Possui a capacidade de refletir 
A minha verdadeira face.
Diante dele não sou mais que um cinerário
Perdido no espaço.
Como um poema fatídico
É o meu destino nefasto.


Mente em erupção
Marília  Cunha Melo 

Revolvo os papéis da minha memória,
A atividade cessou sua produção.
O medo foi extinto
Por uma breve combustão.
O mercúrio estancou
As larvas do meu vulcão.
Voltei ao princípio de toda criação,
Revolvendo papéis extintos,
Na minha clara escuridão.
As palavras se organizam
Em uma grande confusão,
Pois as idéias carbonizaram
Nas larvas do meu vulcão.
Corro ao redor do quarto
Com a cabeça em erupção,
Volto a caneta ao papel
Impulsionando minha pobre mão,
Enfim irei me jogar,
Junto aos papéis, a caneta, a solidão...
As larvas desse furioso vulcão.


Não me ame mais 
Marília  Cunha Melo 


Não me ame mais.
Deixe que o amor se entorpeça
Em sua única melodia
Simples e sem sobressaltos.
Não me ame mais.
Porque o amor pode ser demais
Até não caber em nós.
Pode ser fardo,
Prisão sem sol, sem chuva,
Sem nenhuma inspiração.
respiremos o amor,
Vamos deixar que entre
Sem perguntar de quem foi,
Para onde vai.
Esse amor que nos damos
Será nosso para sempre,
E se deixar de existir
Nunca será de nínguem.
Caso venha outro amor,
Será amor novo,
Amor com cheiro de flor de maio.













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